Erradicação da praga da maçã após 23 anos limita entrada estrangeira e beneficia produtores de SC e
- Nosley Machado
- 29 de mai. de 2014
- 3 min de leitura
Produtores de maçã do Sul do Brasil, especialmente os de Santa Catarina, responsáveis por mais da metade da safra nacional, comemoram o fim de um pesadelo que os atormentava há mais de duas décadas. Após 23 longos anos, o governo federal finalmente confirmou a erradicação da Cydia Pomonella, praga mais temida no planeta nas culturas de maçã, pêra e frutas de caroço como ameixa e pêssego. O anúncio, feito nesta segunda-feira pelo ministro da Agricultura, Neri Geller, representa o início de um novo tempo no setor, já que além do Brasil, apenas o Japão conseguiu exterminar esse perigoso inimigo da fruticultura mundial. A Cydia Pomonella é uma pequena lagarta conhecida como bicho-da-maçã e que forma galerias na fruta, derrubando-a do pé antes de ficar madura. Originária da Ásia e Europa, castiga plantações de países como a Argentina, Uruguai e Estados Unidos. No Brasil, foi descoberta em 1991 na Serra Gaúcha, em Bom Jesus e Vacaria e, posteriormente, Caxias do Sul. Em 1993, chegou a Lages, na Serra Catarinense, em frutas da Argentina e do Chile. O acompanhamento da praga em SC começou em 1997, com armadilhas monitoradas semanalmente. Em 2002, profissionais do Ministério da Agricultura e da Cidasc iniciaram o corte de plantas frutíferas que serviam de hospedeiras no perímetro urbano de Lages. Com a recusa de alguns moradores em permitir o acesso dos servidores às suas casas, a Justiça Federal chegou a expedir, em 2007, uma liminar obrigando a derrubada das árvores em residências onde os técnicos encontravam resistência. Até a Polícia Federal passou a acompanhar os trabalhos para garantir que nenhuma ameaça permanecesse em pé. Só nos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, que respondem juntos por 95% da produção nacional de maçã, atualmente na casa de um milhão de toneladas por ano, foram derrubadas mais de 100 mil plantas hospedeiras, instaladas 10 mil armadilhas e capturados 20 mil exemplares da praga, o último em novembro de 2011, em Lages. Praga castiga pomares no mundo. Foto: Adalécio Kovaleski, Divulgação A Convenção Internacional para a Proteção de Vegetais (CIPV) determina que as áreas produtivas podem ser declaradas livres da praga apenas dois anos após a última ocorrência identificada, por isso somente agora o governo brasileiro conseguiu a esperada certificação. — É uma conquista importante da defesa sanitária vegetal brasileira e representa um ganho de qualidade para a nossa maçã —, disse o ministro Neri Geller ao anunciar a erradicação da Cydia Pomonella em eventos realizados nesta segunda-feira em Vacaria (RS) e São Joaquim. Restrição à maçã estrangeira aumentará os lucros do produtor brasileiro A partir de agora, as maçãs de outros países, especialmente Argentina e Chile, que enviam mais de 200 mil toneladas por ano ao Brasil, também precisarão comprovar a erradicação da praga para continuar vendendo suas frutas no mercado brasileiro. A fiscalização será feita nas barreiras sanitárias numa parceria entre o Ministério da Agricultura e os governos estaduais. — No ano passado o produtor recebeu, em média, R$ 0,75 por quilo. Neste ano, a média vai subir para R$ 1,20 e agora, com as restrições à maçã estrangeira, o preço será ainda maior e poderá chegar a R$ 1,80 quando a oferta diminuir. É um momento histórico e muito importante para nós —, comemora o presidente da Associação dos Produtores de Maçã e Pêra de Santa Catarina (Amap), Salvio Rodrigues Proença.
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