PROBLEMA NÃO SOLUCIONADO CAUSA TRANSTORNOS PARA CATADORES E MORADORES DO BAIRRO JARDIM AMÉRICA
- Nosley Machado
- 20 de mai. de 2014
- 3 min de leitura
Já faz aproximadamente cinco meses que os trabalhadores da Associação das Catadoras e dos Catadores Campos de Cima da Serra enfrentam um dilema com autoridades e moradores do bairro. Esses profissionais anteriormente trabalhavam e estocavam seus materiais em um barracão abandonado dentro do pátio do terminal ferroviário, onde, em meados de Janeiro foram impedidos pela empresa responsável pelo terreno, de entrar na construção. Em conversa com os catadores, os mesmos relataram que na ocasião não tiveram sequer a oportunidade de recuperar o material que estava estocado no local, sendo que este foi retirado pela empresa durante a noite e não se sabe para onde foi levado. Após isso o barracão foi demolido com ajuda de uma draga.
Desde então os catadores são obrigados a armazenar seus materiais a céu aberto, em um lote localizado na entrada do bairro Jardim América. O material encontra-se exposto dentro do cercado do terreno, mas incomoda alguns dos moradores do bairro.
Em entrevista para a nossa equipe, a proprietária de um estabelecimento de comércio próximo ao local, afirmou que considera incômodo o visual gerado pelo material reciclável. "Não é um bom cartão postal para o bairro!" Afirma a comerciante, que também se queixou de que, por vezes o material já chegou a se espalhar pelas ruas. Outra moradora das proximidades, a senhora Marinês (que mora no bairro a trinta e oito anos), diz que considera o estoque de material uma poluição visual na entrada do bairro, e cita o risco de infestação por roedores e insetos. "De maneira nenhuma sou contra os catadores, muito pelo contrário, acho injusto que eles tenham de trabalhar nessas condições, sem sequer um banheiro adequado com água e esgoto". Na opinião da dona Marinês o que eles precisam é de uma construção própria para o seu trabalho, com as condições mínimas de saneamento.
Há também os que defendem os trabalhadores. O senhor João Vieira, que faz parte da associação de moradores, é a favor de que os catadores permaneçam no bairro, e é claro, que se construa um abrigo para que eles possam executar o seu trabalho. "Se eles não fizerem esse serviço para a nossa sociedade, nós é que não o faremos". E afirma que a maioria da população é a favor dos catadores. Outro morador, vizinho de frente ao depósito improvisado, diz que os catadores são pessoas honestas e prestativas, que por vezes sai de casa e pede a eles que vigiem sua residência, terminou dizendo que o trabalho deles é "louvável" e que faz questão de tê-los como vizinhos, mas também defende a construção de um barracão apropriado.
Nossa equipe ouviu dois dos cinco catadores da associação que ainda estão em atividade no local, o senhor José Ricardo Rodrigues Corrêa e a senhora Maria Geni Vieira da Silva. Os dois relataram que desde que estão no terreno vêm sofrendo represálias, inclusive já foram vítimas de dois incêndios criminosos que destruíram o material reunido e selecionado arduamente, e que de vinte e dois integrantes da associação, dezessete não estão trabalhando por causa da insegurança à que estão vulneráveis. Defendem o argumento de que prestam um serviço vital para a sociedade, e com esse trabalho tiraram dois irmãos das ruas. "Ao invés de estarem roubando ou cometendo delitos, eles estão trabalhando conosco". Afirma dona Maria Geni. Eles também citaram ter recebido apoio do Projeto Minuano, financiado pela Petrobrás e o governo federal, que lhes forneceu uniformes e carrinhos novos. Esses trabalhadores afirmam que não possuem condições financeiras para alugar um barracão, e que, pelo fato de seus carrinhos serem puxados com tração humana, não podem ter seu depósito em local muito afastado dos pontos de coleta, que são bairros: Jardim América, Glória, Vitória, Petrópolis e o centro da cidade.
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